domingo, 10 de outubro de 2010

Fera

Ignora minha existência;sente na pele o arrepiar

Embalado por medos, supostos inimigos fantasmas.

Decifra-me ou devoro-te. Como um selvagem rasga-me e faz em pedaços meus sonhos.

Esquecido sobre o campo, derrotado. Fui covarde, não quis ir além.

Dominou-me o medo, e perdi por não tentar.

As memórias que nunca existiram, a saudade daquilo que não tive me bate ao peito.

Feito animal te procuro, exponho ao mundo meus medos.

Provoco tua curiosidade, e mesmo assim ignora-me.

Teu olhar mais gélido, frente a frente com a fera.

A fera agora, ferida; sentiu dor, sentiu- se sozinha.

Mas quem disse que a fera não podia sangrar?

Pela primeira vez, senti pena do ser que havia me tornado.

Abandonando sonhos, entregando-me ao vicio de ser um viciado.

Preferi guardá-la em meus pensamentos, porque jamais poderia perdê-la.

Egoísta fui e nunca realmente a tive.

Ignore-me e dei vazão à fera, consome-me lentamente

Nestes dias vazios.

Desfazendo-me de sonhos, matei pouco a pouco o humano e criando em mim a fera,

sem sentimentos, mas a fera sofreu por não ter sentimentos.

Aqui jaz o homem e a fera.

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