Ignora minha existência;sente na pele o arrepiar
Embalado por medos, supostos inimigos fantasmas.
Decifra-me ou devoro-te. Como um selvagem rasga-me e faz em pedaços meus sonhos.
Esquecido sobre o campo, derrotado. Fui covarde, não quis ir além.
Dominou-me o medo, e perdi por não tentar.
As memórias que nunca existiram, a saudade daquilo que não tive me bate ao peito.
Feito animal te procuro, exponho ao mundo meus medos.
Provoco tua curiosidade, e mesmo assim ignora-me.
Teu olhar mais gélido, frente a frente com a fera.
A fera agora, ferida; sentiu dor, sentiu- se sozinha.
Mas quem disse que a fera não podia sangrar?
Pela primeira vez, senti pena do ser que havia me tornado.
Abandonando sonhos, entregando-me ao vicio de ser um viciado.
Preferi guardá-la em meus pensamentos, porque jamais poderia perdê-la.
Egoísta fui e nunca realmente a tive.
Ignore-me e dei vazão à fera, consome-me lentamente
Nestes dias vazios.
Desfazendo-me de sonhos, matei pouco a pouco o humano e criando em mim a fera,
sem sentimentos, mas a fera sofreu por não ter sentimentos.
Aqui jaz o homem e a fera.
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